Planejamento:
amigo ou algoz?
Aproveito este
momento oportuno para pensarmos juntos a respeito da questão de nosso
planejamento. Penso que nessa semana todas as escolas tiveram, no mínimo, um
dia de reunião destinada ao oficio de planejar o trabalho que será desenvolvido
durante o ano.
Entretanto,
aproveito o ensejo para lembrar daquela fábula do peixinho muito ávido por
encontrar a felicidade. É mais ou menos assim: um certo peixe se desgarrou de
seu cardume e saiu sozinho a procura do caminho para a felicidade, porém, nosso
amigo peixinho nada mais tinha além de seu íntimo e sincero desejo, o que fazia
dele um lutador. Porém, um tanto desastrado, eis que o peixinho, após
questionar todo o oceano com a pergunta: “Como eu faço para ser feliz?”,
encontra alguém que lhe acolhe muito gentil e extremamente solícito lhe diz:
“Meu amigo. Não se preocupe. Logo após aquelas algas é só você entrar na
primeira caverna à direita que você encontrará a felicidade”.
E lá se foi
nosso saltitante peixinho. Pena que esse amigo era um tubarão que saiu correndo
após lhe dar a grande dica. E esse caminho tão facilmente indicado, era sua
bocarra aberta e faminta, que assim que o peixinho lhe procurou já se pôs a
postos para devora-lo. Moral da história: a felicidade existe sim, mas em
alguns casos precisa ser conquistada, e dificilmente surge instantaneamente sem
esforços ou conquistas.
Mas e o
planejamento? Bem, o planejamento, a meu ver, seria nossa possibilidade de não
nos perdermos como nosso amigo peixinho e sim podermos trilhar com segurança
essa busca da felicidade, e não me refiro à felicidade como um tema romântico,
mas sim a felicidade como um fim a ser buscado e encontrado no nosso trabalho.
A felicidade
em nosso trabalho, caros educadores, é a do dever cumprido, a felicidade de
esgotarmos nossa força de trabalho com um objetivo maior ligado a educação. E
se me pego tanto a esse ponto é por acreditar que realmente nesse país, nesse
planeta, o único caminho para a melhoria de tudo e de todos se dá através da
educação e para tanto chamo a todos para que possamos nos ater a nosso
planejamento como um amigo que irá nos nortear nesse ano letivo. Se uso
metaforicamente a palavra amigo é no sentido de que algo ou alguém que nos
indique bons caminhos e nos ajude a cumprir nossa missão de educar, só pode ser
intitulado de amigo.
Para tanto, é
necessário que tenhamos uma retomada de postura diante do ato de planejar. Não
devemos considerar esse momento enfadonho, sem motivações, uma mera obrigação
burocrática, um algoz a nos perseguir, que devemos fazer para constar, que
fazemos “porque tem que entregar...”.
Devemos ter o
planejamento como um momento de refletir o que aprendemos, como nossos alunos
nos anos que se passaram, e transformar esse aprendizado em saber, escolhendo
cuidadosamente, e por que não carinhosamente, qual caminho trilharemos, como
será nossa metodologia, repensarmos conteúdos, posturas, enfim, reverter a
nosso favor esse momento e não deixar essa questão estanque, mas sim retomarmos
de verdade, sempre que for necessário esse planejamento e para além de frases
feitas, encara-lo como um amigo e que como todo bom amigo é flexível, sem
intransigências e sempre pronto a nos auxiliar, ainda que às vezes nos mostre
que esquecemos algo importante, que devemos frisar este ou aquele item um
pouquinho mais. O importante é que pensemos que temos um aliado a nossa
disposição.
Maria
Aparecida Rodrigues
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