Participação dos pais
Os pais normalmente entendem a necessidade de
participar da vida escolar de seus filhos, entretanto, essa participação não
vai além do desejo e na maioria das vezes, de forma prática e efetiva, ocorre
muito menos do que seria o aceitável.
Em reuniões escolares, quanto maior a série que o
aluno se encontra, menor a freqüência de seus responsáveis, entretanto, maior a
sua presença junto a direção da escola, para tentar-se solucionar problemas,
por vezes ignorados pelos responsáveis.
Não quero
dizer que o fato de comparecer assiduamente a escola, evita o dissabor de
descobrirmos uma novidade pouco agradável com relação ao nosso jovem, mas
certamente diminui o susto, pois conheceremos como este se porta e se comporta
(ou não) na escola.
A participação na vida de um jovem adolescente é uma
tarefa árdua, desgastante e por vezes que nos coloca em situação de impotentes,
pois não vislumbramos uma perspectiva. Entretanto é vital para a vida do
adolescente que tenhamos como objetivo, como meta, que iremos suprir suas
demandas, seja de compreensão quando nos deparamos por algum comportamento que
não nos é familiar, de afeto quando temos
estes infantilizados, como uma criancinha, e também demanda de direcionamento.
O adolescente, assim como a criança, necessita de
nosso direcionamento. Este se porta de maneira diferente no caso de alguma regra, alguma norma, mas ainda que se
rebele, não entenda os nossos propósitos (as vezes só impomos). Ele necessita
de uma direção, que é advinda da participação ampla em seu cotidiano.
O não participar da vida de um adolescente, é legar
a este um abandono que é tão angustiante, que por vezes, na ausência de
caminhos, ele pode buscar essa falta das mais diferente maneiras.
O não participar é deixa-lo só, a deriva de qualquer
vento que o queira conduzir.
Na escola observamos que as drogas, a violência, a
sexualidade mal elaborada, são sinais do quão este jovem está perdido, e da
ausência de alguém, que esteja sabendo conviver com ele e participar por
inteiro de sua vida.
Não devemos nos restringir e nem considerarmos que
ao suprirmos as necessidades materiais dos adolescentes, estamos cumprindo
nosso papel, somos provedores, mas não só. É preciso participar, por vezes
estabelecendo limites, mas como delimitar o que nos é estranho?
Os pais sentem uma dificuldade de entender o todo de
seus filhos, se apegam a pedaços, como se o fato de não tocarem em determinados
terrenos os fizessem ilesos a sua desagregação. Me refiro ao campo da
sexualidade, das drogas, dos problemas de depressão na adolescência entre
outros fatores.
É interessante nos entendermos, como aprendizes
dessa nova fase, e procurarmos sermos um bom colega com o ideal de chegarmos a
sermos um amigo desse adolescente, para que este não seja um ser inóspito, que
ignoramos ditando regras ou apenas sendo condescendente como tudo que vem dele.
Penso ser um equívoco só aceitá-los, sob o véu de
que é “coisa de adolescente”, fingindo não conhecer a complexidade da situação,
como também é pouco útil, não entendermos seus propósitos, impondo regras
arbitrariamente.
Um meio termo e o bom senso serão instrumentos para
uma aproximação, que se não vier, essa ausência pode ser letal e irreversível,
deixando seqüelas em todos os âmbitos do adolescente, ficando este com conceitos
e questões mal elucidadas que poderão se ressaltar na adolescência e por vezes
em sua existência toda.
Ser amigo de um adolescente é como ser amigo de
qualquer pessoa. No caso, amigo participa, entende, diz não e sim, nos escuta,
mas também fala. Enfim é preciso aproveitar o estado de consciência do
adolescente e chama-lo a esta consciência e construir dia-a-dia uma relação
reciproca de respeito, afeto e amizade que deve ser bilateral. Ninguém ama por
amar. É preciso que o amor desse relacionamento seja cuidadosamente cultivado
pelos dois, sempre. Esse amor, no caso dos responsáveis, é participar, sem
medo.
Maria Aparecida Rodrigues
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